domingo, 6 de julho de 2008

"Noites de Poesia em Vermoim" - 5 Julho 08





Esta foi a última Noite de Poesia em Vermoim, antes do habitual período de defeso (perdão, de férias!!!). Talvez fosse por isso, que as portas demoraram a abrir (ou seria por causa do vento e do frio que se fazia sentir?!!!!). Mas o que importa é que às 22 horas, sentadinhos nos nossos lugares e confortados pelo calor da sala, dei início aos habituais cumprimentos com que costumamos iniciar estes Serões... e dei de caras com caras novas que nos visitavam pela primeira vez (apenas para assistir desta vez, quiçá para participar das próximas...) e caras novas em Vermoim mas que nos acompanham neste mundo da poesia e que vieram esta noite para nos trazer a sua arte e a sua maneira muito especial de dizer Poesia.

Extra programa e a convite da Junta de Freguesia, tivemos a presença de dois professores da Escola de Música ("É um duo que gostei de ouvir, com uma presença diferente da que estamos habituados... vais gostar!..."), que nos interpretaram em violino (Ana Elvira) e em flauta (Tiago Silva) duas peças de Beethoven.


Antes de passar a palavra à Maria Mamede dei "voz" à ausência da Teresa Gonçalves que, devido ao lançamento do seu livro no dia 9 de Julho, na Feira do Livro da Maia, não pode estar presente. Fotocópias do convite ficaram na mesa para as pessoas interessadas consultarem (ver anúncio no fim deste artigo).

Seguiram-se, depois, no tema desta Noite (HORAS), as intervenções poéticas de Maria Mamede, Armindo Cardoso, Ercília Freitas, José Gomes, Manuela Miguéns, Inocêncio Vidal, Jaime Gonçalves, José Almeida Silva, Albino Santos e Maria de Lourdes dos Anjos..

Maria Mamede e José Gomes, na rubrica Poesia na Net, leram poemas de Paula Raposo, Helena Maltez, Leonor Costa e João Diogo .

Durante a primeira parte o duo Ana Elvira (violino) e Tiago Silva (flauta) interpretaram musicalmente duas obras de Beethoven interpretadas.

O poema que escolhi desta primeira parte foi este, feito na "hora" e declamado pela autora, Maria de Lourdes dos Anjos:

HORAS

Horas de mágoa
longo fio de água
caminho vazio
longo
escuro e frio.

Horas de alegria
pequena nascente
riso de gente
momento de doçura
claro, fresco
mas de pouca dura.

Tudo horas de viver
de cantar
e de sofrer.
Horas feitas de rir
e de chorar à toa.
Horas que o relógio
cruelmente
marca e não perdoa!

Maria de Lourdes dos Anjos
(declamado pela própria, nesta Sessão)


Maria Mamede deu início ao TEMA LIVRE, depois de agradecer a actuação do duo que acabara de actuar, "... espero que tenham gostado tanto dos nossos poetas como nós gostámos de os ter ouvido...".

Seguiu-se a intervenção dos poetas António Castilho Dias, Fernanda Garcias, Armindo Cardoso, Ercília Freitas, José Almeida Silva, Manuela Miguens, José Gomes, Maria Mamede, Inocêncio Vidal, Jaime Gonçalves, Maria Lourdes Anjos e Albino Santos.


José Alves Silva, o nosso cantor convidado, encantou-nos com a sua viola e a sua voz. Assim, entre outras baladas, ouvimos "Bairro Negro", "Amora Madura", "Mãe" e uma interpretação sua de uma canção de Vítor Jara, poeta e cantor que foi assassinado barbaramente em 16 de Setembro de 1973 no Chile, nos primeiros dias de repressão que se seguiu ao golpe de estado de Pinochet contra o governo do presidente Salvdor Allende, ocorrido a 11 de Setembro daquele ano.


Fernando Peixoto escreveu, em Novembro de 2006, um poema que intitulou "O «meu» tempo" e que gentilmente me fez chegar à mão. Foi este seu trabalho que li e é este o poema que escolhi para esta segunda parte:

O «MEU» TEMPO

O Tempo foi percebendo
que o Tempo também corria
e aos poucos se foi contendo,
menos veloz, cada dia.

O Tempo ficou mais lento
mais pensativo e contrito...
sentindo, com desalento,
seu carácter de Infinito.

Ele queria ficar ali
no próprio Tempo parado
para rever o que eu vi
num outro Tempo: o Passado.

Mas, se o Passado já foi…
E se o Presente aqui mora
a dor de Ontem inda dói
no Tempo de hoje e de agora.

Levanto ao Tempo a questão:
- se o Tempo não tem idade,
por que corres, tu, então,
se te espera a Eternidade?

O Tempo parou… no Tempo
sem começo, meio e fim
e criou-me um contra-tempo:
fiquei sem Tempo pra mim!

- o Tempo é só dimensão,
Que vem, que vai e não volta…
O Tempo é imensidão…
Não tem freios, anda à solta…

Retomando o movimento
o Tempo me abandonou
deixando-me o sentimento
da solidão que ficou.

O Tempo fez-me em pedaços
de amargura... ou de carinho...
de glórias... ou de fracassos...
Fiquei sem Tempo: sozinho!

Todo o Tempo que me resta
É Tempo incerto e inseguro…
É Tempo que não se empresta
nem se hipoteca ao Futuro.

Fernando Peixoto

05 a 26 de Novembro de 2006


Para não esquecer...


O lançamento do livro da Ísis (Teresa Gonçalves):



Teresa Gonçalves é, recentemente, responsável pelas Noites de Poesia no Grupo Dramático e Musical Flor de Infesta. Tem uma variadíssima obra publicada. Como Ísis, um dos seus pseudónimos, participou em jornais, boletins e páginas poéticas nomeadamente no Brasil e Canadá.

O lançamento do seu livro de poesia “Singelo Canal”, com Prefácio dos Drs. Paulina de Sousa e Francisco Coimbra, terá lugar no próximo dia 9 de Julho, (quarta-feira) às 21,00 horas, na Feira do Livro da Maia, Praça do Dr. José Vieira de Carvalho, com o apoio da Biblioteca Municipal da Maia.

A apresentação será feita pela Drª Paulina de Sousa e Francisco Coimbra e haverá um espectáculo poético com Fátima Fernandes, Luís Carvalho e Carlos Andrade.




O tema proposto para a próxima "Noites de Poesia em Vermoim" (dia 6 de Setembro, pelas 21,30 horas) é “ENCONTROS”..


Boas férias e até Setembro.


Por motivos que não sei explicar, não consigo enviar para o youtube o vídeo com parte da actuação do José Silva. As minhas desculpas para ele e para os nossos habituais leitores.

Espero resolver o problema e postar o vídeo neste blog.


Problema resolvido, penso eu de que...









José Gomes


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